O grande dia - Mont Ventoux

Acordamos cedo, tomamos nosso café e saímos...

O nosso objetivo era sair de Sault e chegar a Vaison-la-Romaine (70 a 80 km). Mas entre essas duas cidades está o desafio de nossa viagem e o tão esperado por todos – o Mont Ventoux, uma subida de 26 km chegando a 1912 m de altura.

Após averiguar as bikes, começamos a pedalar logo na saída de Sault onde se inicia a subida. Como combinamos entre o grupo, eu iria subir o mais rápido possível e retornar pra ajudar e apoiar a todos.

Comecei o meu desafio pessoal, estava um tempo nublado, com alguns pontos de chuva durante o inicio da pedalada. Um detalhe é que tinham muitos ciclistas, de todos os níveis e de todas as idades, e no mesmo hotel que estávamos hospedados tinha um grupo com carro de apoio e tudo mais.

Estava com medo e respeitando o percurso, pois não conhecia pessoalmente, tinha somente vistos vídeos, fotos e alguns comentários. Saímos de uma altitude pouco mais de 300 m, tinha em mente dividir o monte em três etapas, mas logo no começo da subida comecei a ultrapassar muitos ciclistas e não estava fazendo tal força para isso. Então a minha bike - uma MTB Trek – com a relação de marcha toda danificada e que fazia um barulho parecido com a marca dela quando eu fazia força (tek-tek-tek-tek-tek), começou a chamar a atenção dos outros ciclistas (rsrs). Fui aumentando o ritmo e me sentindo bem, nesse momento só estava preocupado com a bike e rezando pra não quebrar, porque ela fazia muito barulho.

Subia eufórico, parecia uma criança correndo atrás de doce, mexia com todo mundo, gritava Brasil... hehehe! Eu ia ultrapassando mais ciclistas, até que um carro com dois americanos que passou por mim, parava pra ajudar outros ciclistas como se fosse um staff deles. Esse  momento foi inesquecível: eles abriram o vidro do carro e gritavam para mim: GO GO GO GO Brasil! Várias vezes... Very Good! Foi muito legal.

Mas a pior parte estava por vir: os últimos 6 km do Mont Ventoux. É impressionante como ele fica alto, a inclinação tinha pico de 12%, e venta muito, mas muito mesmo, a visão que você tem de lá de cima e as homenagens que as pessoas fazem aos ciclistas é maravilhoso. Toda hora eu pensava “estou pedalando onde os melhores ciclistas do mundo pedalaram”. É uma experiência magnífica.

Nos últimos dois 2 km, saí de uma altitude de 1580 m que vai pra 1912 m. É muito dificil e o vento gelado aumenta...

Cheguei ao topo: 1h29min eufórico e exausto!

Pode parecer um tempo fácil, mas me esforcei ao MÁXIMO, com uma bicicleta que mais parecia um trator (rsrs) de tão pesada.

E eu todo contente lá em cima comendo balinhas e tirando fotos e mais fotos. De repente chega dois americanos, bate nas minhas costas e fala: “Brasil, very good! Bom, bom, bom! (rsrs) E tira uma foto minha, hehehehe.

Bem, chegou a hora de descer e ajudar o pessoal a subir, desci até o restaurante que fica seis km antes de chegar ao topo, ali estavam alguns me esperando para iniciar a parte mais dificil da subida.

Alguns estavam nervosos e tensos, outros tranqüilos, é um momento em que cada um pensa de uma maneira e eu como já tinha subido, tinha que acalmá-los e prepará-los pelo que tinha pela frente.

Mas com muito esforço e determinação todos subiram. Foi um dia muito dificil e muito emocionante que não irei esquecer, e acredito que ninguém irá!

O Mont Ventoux é uma montanha que praticamente pode ser vista de toda Provence. Ele é famoso por sua história no meio ciclístico, por estar presente em várias etapas do Tour de France , e que no inverno é utilizado como estação de esqui.

E onde o Time M já esteve!

E seguimos com o nosso tour. Vaison-la-Romaine, aí vamos nós!

Até mais